Justiça converte em preventiva prisão de sargento da PM por morte de adolescente de 16 anos em SP (2025)

Na decisão, o juiz diz que "trata-se de apuração de crime grave de homicídio que teria sido cometido por agente do Estado treinado para enfrentamento de situações dessa natureza, mas que acabou colocando a sociedade em risco ao descumprir as diretrizes da Polícia Militar, colocando fim à vida de uma adolescente".

"Evidente, portanto, a necessidade de segregação cautelar para garantia da ordem pública ante a gravidade concreta dos fatos", ressaltou.

Segundo a Polícia Civil, após analisar as imagens da câmera corporal do policial, o tiro que matou a adolescente de 16 anos saiu da arma do sargento pós ele dar uma coronhada no irmão dela.

No boletim de ocorrência, o delegado Victor Sáfadi Maricato argumentou que, ao ouvir as testemunhas e analisar as imagens da câmera corporal do PM, "há claros e fortes indícios" de que o disparo que matou Victoria Manoelly dos Santos teve origem da arma do sargento Thiago Guerra quando ele bateu com a pistola na cabeça de Kauê.

O delegado ressaltou ainda que dar coronhadas não corresponde "às doutrinas das polícias brasileiras" e que quem faz isso assume riscos do resultado. Por essa razão, indiciou o PM pelo crime de homicídio.

A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo já informou que o PM foi preso e teve a arma recolhida, e que a corporação não compactua com excessos ou desvios de conduta. (Leia mais ao final.)

Segundo as testemunhas, Victoria e Kauê, de 22 anos, estavam com a mãe e alguns amigos em frente a um bar, na rua Capitão Pucci, em Guaianases, quando um rapaz passou correndo fugindo de alguns policiais que haviam sido acionados para uma ocorrência de roubo.

Em seu depoimento, Kauê contou que um dos policiais voltou e começou a questioná-lo e a irmã. Durante a discussão, o PM o agarrou pela gola da camiseta, apontou a arma para o seu rosto e acertou uma coronhada na sua cabeça. A arma disparou e acertou Victoria.

Já o PM disse que, ao abordar os dois irmãos, Kauê estava com as mãos na região da cintura e que o rapaz deu um tapa na sua mão para tentar se esquivar. Nesse momento, segundo o policial, sua arma disparou e atingiu a região próxima ao ombro da adolescente.

A mãe dos dois, que estava ali na hora, disse que o filho dizia ao policial não ter relação com a suspeita de roubo. "Só ouvi o tiro, e minha filha jorrando sangue", contou Vanessa Priscila dos Santos.

Segundo ela, houve demora para socorrer a filha.

Foi muito feio, foi a pior coisa da minha vida, jorrou sangue, e eles [PMs] não levaram, não a socorreram. Pedi pelo amor de Deus. Ajoelhei ao pé do policial pra ele socorrer minha filha. Eles não socorreram. Eles estavam preocupados em colocar meu filho dentro da viatura.

— Vanessa, mãe da adolescente morta

Victoria chegou a ser levada para o Hospital Geral de Guaianases, mas não resistiu ao ferimento.

O irmão de Victoria soube da perda da irmã quando foi levado à delegacia pela PM e, ao ouvir da mãe que a jovem havia morrido, desabou no chão em desespero, chorando muito.

Desolada, Vanessa estava inconformada com a situação.

Meu filho não deve nada pra Justiça, não deve nada. Só que tem passagem, né? O erro dele. Tudo isso. Queria tanto que esse tiro fosse em mim, como eu queria, Senhor!

— Vanessa, mãe da adolescente morta

Depois de prestar depoimento como testemunha, Kauê foi liberado.

O que diz a Secretaria da Segurança

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Segurança Pública lamentou a morte da jovem e disse que "investiga todas as circunstâncias da ocorrência, ainda em andamento. O policial militar foi preso em flagrante e conduzido ao 50º DP onde o caso foi registrado. A Polícia Civil busca imagens que possam esclarecer os fatos".

E acrescentou: "A Polícia Militar não compactua com excessos ou desvios de conduta e pune exemplarmente aqueles que desobedecem aos protocolos estabelecidos pela Corporação. A arma do policial foi recolhida e as imagens das Câmeras Corporais estão sendo analisadas. Um Inquérito Policial Militar será aberto para investigar os fatos".

O caso está sendo registrado no 50º Distrito Policial, no Itaim Paulista. O irmão da vítima permanece detido na delegacia, mas a polícia não foi informado o motivo da prisão.

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Author: Mr. See Jast

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